Na quarta-feira (30/7), representantes da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e da Autarquia Municipal de Parques e Praças de Contagem (Conparq) participaram do seminário on-line para apresentar o diagnóstico sobre a arborização urbana da cidade. A iniciativa integra as etapas de criação do Plano Municipal de Arborização Urbana (Pmau), que está sendo desenvolvido com a participação da população, incluindo encontros e workshops nos próximos meses, até a conclusão dos trabalhos em dezembro deste ano.
O secretário da Semad, Geraldo Vitor de Abreu, explicou que o plano de arborização vai melhorar a qualidade das árvores em Contagem, visto que o crescimento desordenado do município e a escolha inadequada de espécies para o ambiente urbano causaram problemas para a cidade e a população. Ele destacou a importância de um bom planejamento para harmonizar a cidade, gerando benefícios ambientais, econômicos e sociais, como a melhoria do clima, o escoamento da água da chuva, a redução do ruído e o aumento da diversidade de fauna, principalmente de aves.
“Antigamente, escolheram árvores que não se adaptaram bem à cidade. Nosso objetivo é resolver esse problema, incentivando o plantio de árvores mais adequadas. Com esse trabalho, vamos identificar as áreas mais sensíveis e as espécies ideais, fazendo de Contagem um modelo de arborização urbana”, afirmou o secretário.
Quem também participou da abertura do webinário foi o presidente da Conparq, Avair Junior, para quem a iniciativa vai ajudar a transformar a forma como as pessoas interagem com a natureza nos centros urbanos. Avair ressaltou que, apesar de Contagem ter recebido mais de 15 mil novas árvores nos últimos anos, ainda é necessário ampliar os plantios de maneira organizada, assegurando que os benefícios da arborização cheguem a diferentes regiões do município.
"É importante que nossa cidade tenha um equilíbrio entre as árvores e o meio urbano. Apesar de já termos plantado mais de duas mil árvores somente neste ano, é preciso corrigir os erros passados de planejamento, identificar os pontos fracos e direcionar iniciativas mais assertivas", disse ele.
Diagnósticos
Quem abriu as apresentações foi o assessor da Semad, Eduardo Eustaquio de Moraes. Ele falou sobre o trabalho desenvolvido ao longo dos últimos três anos, que contou com uma equipe técnica experiente de diferentes áreas, além do envolvimento da comunidade. O processo de elaboração do Pmau teve início em 2021, quando foi criada uma portaria (01/2021), que instituiu o grupo de trabalho (GT Pmau).
Eduardo explicou que foram realizadas algumas etapas, como estudo técnico e avaliações ambientais, oficinas participativas realizadas nas oito regiões do município, lançamento do questionário sobre a cobertura vegetal da cidade para a população e uma revisão da legislação municipal, com o objetivo de organizar e modernizar as normas referentes ao cultivo e à manutenção de árvores em espaços públicos.
“Ao longo de todo processo, a colaboração da população, seja nas oficinas, preenchimento de questionários e audiências públicas, foi fundamental para entendermos as demandas da cidade e estabelecer as prioridades do plano. Tivemos mais de mil participações e isso nos mostrou que a população está engajada e quer nos ajudar a construir uma cidade cada dia melhor para todos nós”, declarou Eduardo.
Durante a apresentação da bióloga da Conparq, Érika Henrique Pacheco, foi apresentado o diagnóstico participativo sobre a arborização urbana, mostrando o que os moradores pensam e os problemas mais urgentes. Os resultados indicaram que 85% da população considera a arborização como fator essencial para uma vida melhor, 77% mencionam vantagens ligadas ao bem-estar e à vida em comunidade, e 64% ressaltam como elas melhoram a cidade, aumentam o valor dos imóveis e atraem visitantes.
Entre os principais desafios apontados, estão espécies inadequadas (35%) e conflitos com infraestrutura (22%). O levantamento também apontou sugestões da população, como dar mais atenção a corredores e praças, além de incluir o plantio de nativas e frutíferas (62%) e incentivos como desconto no IPTU (45%).
“Nos últimos anos, o meio ambiente passou a ser visto como espaço coletivo de convivência. Essa mudança de paradigma fez com que a arborização fosse tratada como política pública e estratégia de sustentabilidade. Mas só teremos sucesso se for uma construção coletiva. É fundamental que cada cidadão participe, plante, cuide e respeite as orientações técnicas. Assim, vamos transformar Contagem em uma cidade mais arborizada e com mais qualidade de vida”.
Etapas do Pmau
O diretor da empresa Neofloresta Serviços Ecossistêmicos, contratada para realizar o trabalho, Ciro Costa, explicou que a elaboração do Pmau está dividida em quatro etapas. Inicialmente, a equipe coletou dados por meio de imagens de satélite, além de atualizar informações técnicas cruciais. Atualmente, a segunda fase, focada no diagnóstico, está em curso, incluindo encontros internos e externos. Para ampliar a participação, além do seminário, dois workshops serão organizados, um presencial no dia 17/9, no auditório da Prefeitura de Contagem, e outro on-line no dia 25/9.
A quarta e última etapa será a redação do plano, onde metas e indicadores serão estabelecidos. Por fim, os documentos finais serão entregues, acompanhados de um evento aberto ao público e ampla divulgação do projeto em formatos impresso e digital.
“A arborização urbana é um patrimônio que não pode ser comprado, ele deve ser cultivado. E, apesar de todo esforço da Prefeitura, quem realmente faz a diferença é a população. Por isso é tão importante que os contagenses comprem essa ideia e nos ajudem na construção dessa política pública que será para benefício de todos”, finalizou.
Durante a noite também houve apresentação de outros servidores da Conparq. A gerente de vistoria e avaliação da arborização urbana da autarquia, Milene Perreira do Amaral, apresentou informações sobre o trabalho de cuidado e administração das árvores, com foco na atuação da Gerência de Vistoria e Avaliação, que supervisiona e responde às solicitações da comunidade sobre a arborização urbana.
Já o gerente de Plantio e Viveiro, Lucas Marinho da Silva, explicou sobre os plantios da cidade, mencionando progressos e obstáculos dos últimos anos. Ele enfatizou o uso de tecnologias e recursos modernos que impulsionam o crescimento e a resistência das árvores plantadas. Por fim, o gerente de Execução e Manejo, Bráulio Buldrini Dornela, falou sobre o manejo da arborização urbana, descrevendo o processo da Gerência de Execução e Manejo, detalhando as fases do atendimento de pedidos de poda e remoção de árvores, desde o recebimento e análise até a conclusão do serviço no local.
O seminário contou com a participação de cerca de 70 pessoas entre empresários, ambientalistas, representantes de Organizações da Sociedade Civil e moradores da cidade.